Última segunda-feira do ano. Perto da meia noite, muitas pessoas abraçadas aguardando o que pra elas é a virada do ano. Elas esperam fogos, estouram champagnes e espumantes, comem e festejam em grupos pequenos ou grandes. Sinceramente, eu já nem via mais graça nisso tudo. Nada nunca mudava de forma significativa. Mas nada é pra sempre, não é mesmo?
Minha virada de ano aconteceu mesmo foi lá atrás, dia 17 de março, também em uma madrugada. A gente começou a virar as coisas, nossas bagunças, medos, sentimentos e viramos a noite. Virei às costas para o medo para poder cumprimentar a coragem e te propus o que para você já era certo. Foi ali, naquele seu intrépido sim sem titubear que meu ano virou. E eu nem fazia ideia de como.
Novos planos surgiram, coisas mudaram, se resolveram, tornei-me melhor. Realmente descobrir o amor nos muda.
Você virou minha rotina, independente de quão corrido ou puxado fosse meu dia sempre tinha um espaço pra nós (embora eu não raramente dormia no meio de nossas conversas, mas ah, você fazia o mesmo). Você quase cruzou o país pra me conhecer, pra gente passar um tempo juntos, e nossa vida foi acontecendo em meio a tudo isso. Saímos, passeamos, comemos coisas diferentes. Você conheceu e ganhou uma nova família. Você virou parte dos almoços de Domingo, virou o rosto mais distinto em meio às milhares de pessoas dentro daquela Universidade, virou o número de apartamento preferido do meu ano.
E o garoto certinho matou aula pra cruzar a cidade duas vezes pois aprendeu que existem coisas mais valiosas na vida do que o sentimento de responsabilidade contínua, foi dormir mais tarde várias vezes mesmo sabendo que estaria morto no dia seguinte no trabalho. Fez algumas loucuras, se divertiu, viveu como nunca. Ou melhor: finalmente viveu. A vida parece ter começado só agora, tudo parece começar a ter sentido e propósito desde a virada de ano. E logo eu que nuca acreditei em resoluções de fim de ano passei a acreditar nelas. Logo eu que há um ano atrás achava estar finalmente trilhando o que achava ser um bom caminho, achava que meus sonhos de ano novo eram bons descobri, graças a Deus, que às vezes, dar tudo errado é a melhor e mais certa coisa a nos acontecer. Quem somos nós diante das surpresas da vida, não é mesmo?
A gente mudou, cresceu, se envolveu. Você criou um novo calendário, onde 31 de Dezembro é apenas um dia festivo, nem parece mais virada de ano. Afinal, meu bem, virada de ano mesmo foi o que você fez quando me disse sim.
Quando é que faremos nossa próxima virada de vida mesmo?
Stephen S. M.